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UFC joga no fácil e não põe McGregor em risco, mas erra ao esconder Holm

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

24/02/2016 07h54

Técnico explica lesão de Rafael dos Anjos

UOL Esporte

As últimas 24 horas foram de emoção no UFC. E, mais uma vez, pelo que acontece fora do octógono. A lesão de Rafael dos Anjos mudou o UFC 196, que teria a disputa de seu cinturão, o dos leves (70 kg), contra Conor McGregor, dono do título dos penas (66 kg). E, como era de se esperar, devido ao prazo apertado – apenas 11 dias para o evento – o UFC colocou à frente do irlandês alguém que, a princípio, não é um grande risco para sua galinha dos ovos de ouro – mas, por outro lado, escondeu outra estrela da organização, Holly Holm.

A notícia de que Nate Diaz é o novo rival surgiu na madrugada desta quarta-feira e não foi exatamente uma surpresa. O UFC diz que ofereceu a José Aldo e Frankie Edgard a vaga de Dos Anjos, mas ambos recusaram – algo que não tem como ser visto com naturalidade, tamanhos os riscos de se aceitar um combate com tão pouco tempo de preparação. Afinal, como Aldo, que já perdeu para McGregor com uma preparação completa, tentaria reverter aquela derrota entrando num evento às pressas?

Outro que corria por fora era Donald Cerrone, que lutou no domingo e venceu Alex Oliveira. Cerrone, na teoria, era até um maior risco do que Nate Diaz, por sua técnica e por ser ainda maior que o novo rival de McGregor.

Assim, o falastrão irlandês acabou ficando com uma luta na categoria meio-médio, até 77 kg, contra um rival irregular. Grandes nomes, como Anthony Pettis e Khabib Nurmagomedov se candidataram. Mas, quem levou foi Nate.

Irmão de Nick Diaz – aquele que perdeu para Anderson Silva em 2015 -, ele entra para essa luta muito mais pelo seu lado provocador do que qualquer outra coisa. Se há alguém para contra-atacar as zoeiras de McGregor, é ele, mantendo assim o interesse no UFC 196.


"Ele [McGregor] vai ter que ficar de joelhos e implorar", tuitou Diaz, antes da confirmação da luta, já começando seu trash talk

Na parte competitiva, Diaz é maior, com 5 cm a mais de envergadura, e tem como vantagem sua boa técnica de chão, já que é faixa-preta de jiu-jítsu. Mas, se ele cair no jogo de McGregor e quiser fazer a luta apenas em pé, a coisa deve ficar boa para o irlandês, que é mais talentoso e está num momento muito melhor na carreira. Nate já perdeu para Rafael dos Anjos, o rival original de McGregor, e tem cinco derrotas nas últimas dez lutas.

O próprio Dana White teve uma declaração que, em retrospecto, pega bem mal, sobre Diaz. "Ele não é um cara que mude o jogo", disse o dirigente, sobre o potencial do norte-americano.

O UFC sabe que precisa de McGregor em alta por mais tempo, principalmente com a frustração da saída de Dos Anjos do UFC 196, então a opção por Nate Diaz surgiu como um risco controlado. Assim, McGregor tem tudo para sair do evento fortalecido e como opção para liderar o UFC 200, em julho.

Cadê a Holly Holm?

Algo interessante de se notar no novo cenário é que a estrela de McGregor é tão grande, na concepção do UFC, que ele foi mantido na luta principal do UFC 196. E não é que faltasse uma grande luta para ser alçada a este posto. A noitada de 5 de março tem nada menos que a primeira defesa de cinturão de Holly Holm, a algoz de Ronda Rousey.

Cb86yvvUMAQO49VHolm enfrenta Miesha Tate e, pelo barulho que seu nocaute em Ronda fez, era de se esperar que ela pudesse ser colocada agora em primeiro plano por Dana White e seus companheiros, já que a luta de Conor McGregor sequer vale título. Não foi o que se viu.

Para se ter uma noção de como é incomum deixar Holm em segundo plano, a última vez que uma luta sem valer título foi a principal, à frente de outras valendo cinturão, aconteceu em 2005, no UFC 51. Na ocasião, Tito Ortiz venceu Vitor Belfort na luta principal, e a noitada teve duas disputas de cinturão, nos pesados (Andrei Arlovski venceu Tim Sylvia) e nos médios (Evan Tanner venceu David Terrell).

O UFC acabou, com essa decisão, perdendo a chance de elevar o potencial de Holm, que não é das mais carismáticas. Poderia ter levantado a bola da campeã, feito o mesmo trabalho em paralelo com McGregor, que se promove sozinho, e sair ganhando em duas frentes. Uma pena…

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