MMA é só pano de fundo de (bom) filme inspirado em vida de José Aldo

Quando começaram a falar em um filme sobre a vida do ex-campeão do UFC José Aldo, muito se imaginou que seria uma cinebiografia, que teríamos a vida do manauara radicado no Rio de Janeiro contada o mais próxima possível da realidade. Mas isso nunca saiu da boca de diretores e roteiristas.

"Mais Forte que o Mundo", que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, não é um filme de luta, como os fãs de MMA poderiam imaginar. É um drama. A modalidade serve apenas como pano de fundo do enredo romanceado em cima da dura história de vida de um dos maiores campeões que o esporte brasileiro já teve.

Mesmo não sendo uma história prioritariamente sobre lutas, ela também satisfaz o espectador que estiver atrás de alguma ação e porrada. As cenas de combate, dentro e fora dos ringues, são bem feitas e condizente com a realidade de uma luta. Os efeitos também foram muito bem escolhidos e posso dizer que atores e dublês levaram (muito) soco e chute na cara.

Em uma trama bem amarrada, o MMA vira uma alegoria das lutas que enfrentamos todos os dias na nossa vida. Seja no nosso trabalho, com nossos amigos, com nossa família. No caso do José Aldo, sua maior luta para ser "mais forte que o mundo" sempre foi consigo mesmo. Muitos brasileiros vão se ver no personagem e na difícil relação que ele teve com seu pai.

Claro que como fã hardcore do MMA e conhecedor da carreira do lutador, algumas passagens geram um leve incômodo, mas ao fazer um exercício de empatia com quem não é próximo desse mundo e verá esse filme, o resultado é bem positivo. Provavelmente essa pessoa sairá satisfeita do cinema.

Destaco também a participação de Rafinha Bastos como Marcos Loro, amigo que trouxe Aldo de Manaus para o Rio de Janeiro. Apesar da discrepância de altura entre ator e lutador (quase 2m contra 1,70m), ele traz leveza e humor para o filme. Já Milhem Cortaz brilha como o técnico Dedé Pederneiras. Eu consegui ver o mentor do lutador em alguns momentos.