Com mais de 35 anos de carreira, o narrador Galvão Bueno começou uma nova fase no ano passado quando começou a narrar o UFC para a TV Globo. Mas ele não teve maiores problemas e – apesar das críticas de sempre nas redes sociais – segue impassível quando é escalado para o MMA. Nesse sábado, para a transmissão do UFC Rio 3 com Anderson Silva e Rodrigo Minotauro, ele estará mais uma vez no comando.

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Durante um evento com Anderson na última sexta-feira, no Rio de Janeiro, em que passou por para cumprimentar o lutador, Galvão parou para conversar com o blog. Muito solícito e simpático, explicou como surgiu sua atual paixão pelo MMA, sua relação com os astros brasileiros e até falou sobre a vontade que tem de treinar artes marciais.

Como foi a preparação para começar a narrar o UFC?
É um desafio novo e eu sou amarradão em desafios. Desafio é comigo mesmo. Tudo começou na primeira transmissão nossa, no título do Cigano, que vai ser meu comentarista na luta do Anderson. Me perguntaram se eu encararia um desafio novo e disse 'claro'. As pessoas se assustaram muito, mas eu fiz uma vida inteira de transmissões de boxe. Eu transmiti tudo que você possa imaginar, Muhammad Ali, Joe Frasier, George Foreman, Mike Tyson, além do nosso Popó. Então tenho toda uma história.

Mas você já tinha noções de MMA e das outras lutas além do boxe?
É claro que eu fui aprender, fui fazer a lição de casa, fui conversar com as pessoas, fui entender direito o que significa os golpes, as atitudes, o processo todo como funciona e me encantou. Mas o que me encantou mesmo foi a forma com que eles me receberam, a forma com que o Cigano, o Vitor, o Zé Aldo, o Anderson, a importância que eles deram ao fato de eu estar fazendo as transmissões. Isso para mim me encantou. É daquelas coisas que te fazem recomeçar, renascer.

E você tem arriscado alguns golpes ou treinou alguma arte marcial?
Não, não. Eu faço esporte, sempre fiz, mas é melhor olhar, ver, aprender, conversar com eles. Não me arrisco, mas tenho vontade. Só que acho que já passei da idade.

O que mais te atraiu no MMA e no UFC?
Essa coisa de envolver as pessoas. Quando eu disse aquela frase dos 'gladiadores do terceiro milênio', eu tinha, antes da luta do Cigano, recém-vindo de uma viagem a Roma com meu filho mais novo e ele queria ir ao Coliseu. Durante um período eles abriram a parte debaixo lá. Eu fui lá embaixo e tive a sensação que a gente vê no filme O Gladiador, de você olhar debaixo para cima. Então eu fiquei imaginando como era aquilo lotado. E a primeira vez que eu entrei em uma arena, com um octógono, e eu vi aquela coisa do povo, claro que dentro da civilidade da luta, das regras, lembrei dessa visita.

Então é a reação do público?
A loucura que toma conta do torcedor é uma coisa fascinante, tanto que se espalhou pelo mundo. Eu acho que é sempre um momento especial e todo mundo quer ver. É homem, mulher, gente mais nova, gente mais velha. Todo mundo se amarrou.

Essa foi sua primeira experiência com o esporte? Qual é sua lembrança anterior do MMA?
Já tinha tinha, sim. A minha lembrança é de quando o Royce [Gracie] ganhava tudo, entrava de quimono, não tinha limite de tempo, não tinha peso e ele finalizava todo mundo. Eu cansei de ver aquilo e achava um espetáculo.

Por que você acha que o MMA está ganhando a audiência do boxe?
Acho que é essa união de tudo, é o lutador completo. E eles são – os nossos, principalmente – figuras doces, como o Zé Aldo, o Anderson, que é um pai de família, cheio de filho, o Vitor [Belfort] a mesma coisa. Basicamente, são os atletas e as pessoas completas. Eles são os gladiadores do terceiro milênio, caras com uma capacidade incrível.

Qual é sua opinião sobre a junção do futebol e do MMA?
Desde que isso não provoque uma rivalidade que gere qualquer atitude de hostilidade e de violência fora, por parte da torcida, o futebol é nossa grande paixão e pode estar lá. Eu apenas sinto medo de que isso possa criar uma reação de quem está assistindo seja contra um lutador do Flamengo, já que não é do time dele. Mas acho que as pessoas vão entender isso direito.

E até quando vamos ver você narrando?
Enquanto tiver saúde e voz estiver boa!