Por Maurício Dehò

As duas edições mais recentes do TUF mostraram que o favoritismo é perigoso para quem disputa o reality show do UFC e sonha com um contrato com a organização. Nos EUA, o 'homem ambulância' Uriah Hall decepcionou na final e foi vice. No Brasil, William Patolino é quem chegou badalado e saiu sem o título, ao perder para Léo Santos na decisão do programa, em Fortaleza, neste sábado. E a imagem marcante da derrota foi o choro desesperado ainda no ringue.

O carioca chegou como franco favorito para a final. Nos bastidores, sempre atento, estava seu empresário, Ed Soares, que também agencia a carreira de ninguém menos que Anderson Silva. "Trabalhamos com o Patolino desde antes do TUF. Foi um pedido do seu técnico, Pedro (Silveira). Ele é jovem, muito talentoso, tem tudo para ir muito longe", disse Ed, antes da luta.

Patolino apareceu para esta luta om um discurso de que nada se colocaria no seu caminho até o título, depois de seu excelente desempenho em todo o reality show. O favoritismo só aumentou pela entrada de Léo no lugar do lesionado Santiago Ponzinibbio.

O problema é que, quando a jaula se fechou, Patolino parece ter se esquecido que ainda precisava lutar para confirmar o título que lhe parecia certo. Ele e Léo se cumprimentaram amistosamente quando entraram no octógono. Logo depois, antes de o árbitro dar início à luta, porém, o jovem de 21 anos começou a fazer provocações, como se quisesse avançar sobre o rival.

Na hora da ação, Patolino deu mostras de não levar a sério a ameaça de Léo. Mais forte na trocação, ele por muitas vezes abaixou a guarda, chamou o rival para o combate, mas pouco atacou, como se pudesse nocautear, ou levar a luta para o chão e massacrar no ground and pound como e quando quisesse. Mas foi quando Léo conseguiu uma queda e caiu por cima de Patolino que ele se viu em perigo e foi finalizado por um katagatame.

Patolino ficou longos instantes deitado no octógono, chorando muito. Por toda a semana, ele disse que aquele era o momento em que sua vida mudaria. Em outras ocasiões, falou que a nova fama não o atrapalharia; "tenho os pés no chão", declarou. O discurso era o correto e a postura confiante e brincalhona pareciam ser normais com sua personalidade alegre e descontraída.

Não foi o que se viu no octógono e a soberba de sua posição de favorito acabou em lágrimas.

O choro mostrou, talvez, o momento em que a ficha caiu para Patolino, com o desespero de ver o título do TUF se esvair das mãos. Mas na hora da coletiva de imprensa, com as lágrimas já secas, o discurso já era outro.

"O emocional não influenciou em nada. Eu estava ligado na luta, estava confiante. Mas ele foi melhor que eu, realmente. Eu tentei derrubar, ele aplicou uma contra-queda caiu por cima e conseguiu finalizar. Foi uma boa tática dele", alegou o vice-campeão.

Como sempre se fala, até Anderson Silva e Georges St-Pierre perderam antes de se tornarem campeões absolutos de suas categorias. O revés representa dois passos para trás para Patolino, que tinha muito em jogo para se tornar uma sensação do UFC com sua idade, carisma e talento. Mas os passos atrás também permitem que ele amadureça e serão importantes para que ele volte a caminhar em direção à bela carreira que ainda pode ter.