Shogun põe carreira e preparação em xeque após nova atuação fraca
Jorge Corrêa
18/08/2013 06h03
Não há como negar que Maurício Shogun está na história do MMA. Ainda muito novo, com apenas 23 anos, foi campeão do Pride e é um dos poucos lutadores que possuíram cinturões no extinto evento japonês e no UFC. Mas sua atuação no último sábado, na derrota para Chael Sonnen, deixou claro que ele tomou o caminho errado em sua carreira nos últimos anos.
Ninguém vai tirar os méritos de tudo que ele já fez ou esquecer os títulos e vitórias que conquistou, mas esses bons momentos estão cada vez mais distantes da realidade do lutador. Mais que isso, ele teve apenas uma boa atuação desde a explosão do MMA para o grande público no Brasil, virando alvo muito fácil para uma avalanche de críticas.
Desde que conquistou o cinturão dos meio-pesados contra Lyoto Machida em 2010, ele passou por mais baixos que altos, trocou de equipe de apoio, mudou de treinadores, mudou de academias e, o que vimos, foi uma sucessão de atuações fracas. Não que outros lutadores não tenham feito pior no UFC, mas é que é suas glórias e atuações brilhantes no passado fazem essas derrotas serem ainda mais doloridas, para ele e paras seus fãs.
"Ninguém quer perder. Hoje ele foi feliz e eu infeliz. Dei meu máximo e garanto que eu sou quem menos quer perder, pois sou eu que entro lá e levo porrada na cara. Hoje não deu. Estou muito triste, vou para casa e daqui alguns dias vou sentar com a minha equipe e pensar no que fazer. Quero apenas continuar lutando, que é o que eu amo fazer", disse o brasileiro.
Ele disse essas frases acima durante a coletiva de imprensa muito abatido. Antes, tinha chorado muito no octógono. Essas duas reações dizem muito sobre o atual momento de Shogun. Na luta, ele pareceu sem rumo, anestesiado, sem reação. Faixa-preta duríssimo de jiu-jítsu, acabou finalizado por um rival reconhecidamente limitado na arte suave.
Com um erro técnico muito grave ao deixar o pescoço desprotegido para a guilhotina de Sonnen, colocou mais uma vez em xeque sua preparação. Se em suas últimas lutas sofreu com o condicionamento físico e a falta de gás, agora vimos um novo problema no brasileiro. Não é apenas um resultado que está em jogo, é todo restante de sua carreira.
O que aconteceu em Boston tem de ser encarado como um ponto-chave para o futuro de Maurício. Ele precisa repensar muita coisa se quiser se manter relevante para o esporte e não viver apenas de suas glórias do passado. Recuso-me a falar de aposentadoria para um atleta de alto nível que tem apenas 31 anos, mas se continuar por esse caminho, ele está cada vez mais próximo de ser o maior desperdício de talento da história do MMA.
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