Você pode não gostar ou não concordar com o que Jon Jones faz para ser um campeão tão dominante no UFC. Pode acreditar que suas dedadas no olho não são tão sem querer assim, que seus pisões no joelho são desleais ou que suas cotoveladas beiram o ilegal. Mas não tem como negar: ele é o melhor lutador de MMA da atualidade. Foi isso que ele mostrou contra Daniel Cormier.

Os seguidores do Ultimate puderam ver um jovem talentoso e de um potencial imensurável se tornar um completo atleta de artes marciais, isso já com o cinturão do UFC nas mãos. Quando venceu um combalido Maurício Shogun em 2011, se tornando o mais jovem campeão do UFC com apenas 24 anos, Jones ainda não tinha mostrado todo seu arsenal.

Ele era um diamante bruto que foi sendo lapidado pelo técnico Greg Jackson e sua equipe e pela experiência que foi ganhando dentro do octógono. Descobrimos uma personalidade forte e resoluta, que enfrentou de peito aberto os percalços da carreira, muito mais fora dos ringues do que necessariamente lutando. Jones percebeu que tinha virado vidraça e a exposição só aumentava a cada vitória. Como enfrentar isso? Contra-atacando.

Hoje, aos 27 anos e com oito defesas consecutivas de cinturão (uma a mais que José Aldo e a duas do recorde de Anderson Silva), Jon Jones se mostra maduro. Tanto lutando quanto na hora de rebater uma provocação. Não faz a cena que Chael Sonnen fazia. Ele tem inimizades reais e não leva desaforo para casa. Vence com contundência e ainda espezinha o rival.

Foi assim com Rashad Evans, ex-companheiro de time, e agora com Daniel Cormier. Ele não engoliu as provocações feitas antes das lutas e não os desculpou depois de vencê-los. "Espero que ele esteja chorando em algum lugar. Se tivesse me vencido, estaria falando bobagens agora", disse o campeão no último sábado.

Com o portão do octógono fechado, Jon Jones evoluiu a olhos vistos. Com Anderson Silva fora de combate, não temos ninguém tão criativo nesse momento. Ele não é mais um grande wrestler com cotoveladas cortantes no ground and pound. Agora, utiliza seus recursos com inteligência, usa com maestria sua envergadura. Abusa do clinch para praticar um dirty boxing eficiente. Derrubou facilmente um lutador olímpico.

Para se mostrar tecnicamente perfeito, ele sempre busca derrotar seus adversários onde eles próprios se saem melhor. Só alguém que beira a genialidade pode se arriscar em tamanha ousadia.

E agora, o último capítulo

Não é nenhum segredo a vontade de Jon Jones de subir para os pesos pesados em busca de novos desafios. Mas o que antes era um plano distante, agora se tornou uma realidade muito próxima neste início de 2015. Estamos perto de ver aquele que provavelmente será seu último capítulo nos meio-pesados do UFC.

A questão é simples. Ele tem apenas mais um único concorrente direto pela disputa do cinturão de sua atual categoria. E esse nome sairá da luta entre Alexander Gustafsson e Anthony Johnson, na Suécia, em 24 de janeiro.

Se o sueco vencer, teremos a revanche da única luta em que Jon Jones saiu muito machucado e esteve perto de perder. Se vencedor for o norte-americano, o campeão se despediria contra um dos meio-pesados com as mãos mais pesadas das história do Ultimate.

Mas é claro que se esse capítulo final vier com derrota para Bones, devemos ver uma prorrogação. Nos pesos pesados, uma nova – e muito mais difícil – história começará a ser contada por Jon Bones Jones.