Cansamos de falar aqui no blog que Cain Velásquez é um dos mais dominantes campeões do UFC, um peso pesado quase imbatível, tem um fôlego de levinho combinado com uma técnica refinada. Até por isso, será um desafio muito grande para Fabrício Werdum unificar os cinturões da categoria neste sábado, no UFC 188, no México. Mas o brasileiro está tentando algo inédito.

Muito quieto, o campeão linear nunca foi afeito a provocações e seus rivais sempre o respeitaram muito. O máximo que o norte-americano de ascendência mexicana ouviu foi Junior Cigano falando que ele não bate tão forte (acabou surrado pela segunda vez depois disso), mas agora demonstrou uma irritação fora do comum com o gaúcho.

Fabrício está tentando fazer algo que nenhum rival até agora tentou contra Velásquez: entrar na cabeça do campeão. Combinando sua descontração com uma retórica difícil de encontrar em atletas brasileiros, Werdum está dando alfinetadas que mexeram com Cain.

Nesta semana, ele falou para meu parceiro aqui do blog que Velásquez fugiu da primeira luta agendada entre eles no ano passado, quando o americano lesionou o joelho e Werdum acabou se tornando campeão interino ao nocautear Mark Hunt. Mas isso pouco repercutiu. Foi outra frase que tirou o campeão do sério.

Ao chegar no México, Fabrício mandou: "é um americano que pensa que é mexicano". Isso irritou Cain, que não o cumprimentou mais desde então e o chamou de "duas caras". "No dia anterior falam mal e no dia seguinte tentam ser legais… Se você escolher ir por um caminho, seja ele. Não seja duas-caras. Não respeito isso", explicou Velásquez.

Fabrício está apostando em uma nova arma para tentar tomar o cinturão e é uma tentativa muito válida. Está mais que claro que o jogo psicológico também entra no octógono e pode fazer a diferença (Vitor Belfort e Chris Weidman que o digam). Com seu crescimento técnico nos últimos anos, Werdum lança mão de uma arma que no final pode fazer a diferença contra um adversário tão qualificado.

Mas ele também tem de estar preparado para o outro lado desta mesma moeda. E se ele cutucou a onça com vara curta e despertou um Velásquez que nunca vimos? Daniel Cormier avisou: "O ultimo cara que disse coisas assim foi Cigano, que disse que Cain batia suave. E ele apanhou duas vezes. Então eu acho que Fabrício ficaria melhor quieto."

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