Estas duas semanas desde que Ronda Rousey bateu Bethe Correia foram de uma incansável ida e vinda de polêmicas. Apareceu o nome de Miesha Tate, sua próxima rival. Cris Cyborg, sua maior "inimiga", também tirou uma casquinha. Mas, o que deu o que falar mesmo foi a rixa com Floyd Mayweather Jr.

Bom, passou da hora deste assunto ser encerrado e a página virada, não é mesmo?

Ou você acha que é mesmo possível ir além da imaginação – ou de um confronto virtual no videogame – e ver realmente um pugilista, homem, enfrentando uma lutadora de MMA, mulher, com ou sem regras dentro de um ringue ou octógono?

Faça-me o favor…

O problema, como disse em outro post, é que o que começa com uma brincadeira passa a ser levado a sério por muitos. Os atletas mantém seu nome na mídia, mas o que estamos falando é de um duelo entre homem e mulher que não deveria nem ser sugerido.

Então, confira abaixo os motivos para deixar bem claro que essa ladainha tem de parar:

1. Homem x mulher? Seria um crime
É natural ficar pensando: "uau, esses dois são tão bons. Como seria vê-los um contra o outro?". Mas, na prática, é inconcebível. Há dilemas éticos, morais, diferença física… Se um combate entre homens já gera polêmica – basta ver os comentários de que o MMA é uma "rinha humana -, imagine misturar os sexos…

2. Nenhuma entidade permitiria a luta
Para qualquer combate de MMA ou boxe, é preciso de um órgão regulamentando e liberando a disputa. Nenhuma entidade séria aceitaria um combate entre homem e mulher. E, mesmo quando o UFC, por exemplo, vai para locais sem comissões, é seguido um modelo padrão de conduta. E isso inclui, obviamente, não botar um homem para enfrentar uma mulher.

3. Nenhum evento/empresário promoveria a luta
Nem o UFC, nem Bellator, nem Don King, nem ninguém… Os empresários sabem que apostar em algo tão polêmico seria um risco até para a imagem. Se uma mulher sai brutalizada por um homem, a opinião pública cairia matando. Poderia ser o fim da carreira de um promotor ou empresário. Não vale o risco.

4. Eles nem são do mesmo peso! E nem do mesmo esporte
Ronda Rousey já afirmou: não aceita lutar contra Cris Cyborg acima dos 61 kg de sua categoria. Se com Cyborg já é esse escarcéu, imagine se fosse para lutar com Mayweather, que costuma fazer seus combates na categoria até 66 kg. Fora o fato de que um deles teria de mudar de esporte. Ainda que Ronda fosse fazer uma luta de boxe – já que o esporte está na sua base de treinos para o MMA -, são modalidades muito diferentes para se supor que um combate deles geraria algo minimamente interessante esportivamente.

5. Nem os lutadores aceitariam
Ronda Rousey é uma feminista convicta. Logo, ela sabe que até as comparações do tipo "você luta melhor que um homem" são incabíveis. Aliás, ela costuma agradecer e responder: "aprendi com a minha mãe". Então, a norte-americana tem a noção clara do espaço que cada gênero ocupa, e sabe que lutar com um homem passaria de qualquer limite e que prejudicaria seus anos lutando pela igualidade às mulheres. E Mayweather? Bom, ele já foi preso por agressão doméstica (!!!), após bater na namorada. Meio óbvio que ele não gostaria de voltar a "enfrentar" uma mulher…

Agora só falta os próprios lutadores deixarem o assunto de lado – o que está BEM difícil no momento, até porque a repercussão de suas falas e o espaço que eles conseguem na mídia com isso é altamente vantajoso, ainda que seja construindo a expectativa de algo que NUNCA vai acontecer.

[Fim do desabafo]