Belfort acusa Weidman de doping e pede categoria de 'vovôs' no UFC
Jorge Corrêa e Maurício Dehò
16/09/2015 07h32
O tema doping esteve presente no combate entre o campeão dos médios Chris Weidman e Vitor Belfort, em maio, quando o norte-americano venceu por nocaute técnico. E ainda não foi embora. Agora é o carioca quem acusa Weidman de usar substâncias ilíticas. Em um evento do UFC em São Paulo, para promover a terceira luta entre Vitor e Dan Henderson, em 7 de novembro, Vitor relembrou uma polêmica revelada pouco antes da luta – e ainda pediu inovações no UFC, como a criação de uma categoria Masters e um esquema de times à la Formula 1.
Poucos dias antes do combate, foram relevados níveis de testosterona dos dois lutadores. Já sem o uso de TRT (tratamento de reposição de testosterona), Vitor apareceu com um nível maior que o do rival. Logo se levantou a acusação de que o brasileiro estava com mais hormônios que o normal. Mas ele clama justamente o contrário.
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Para Belfort, seu nível era o de uma pessoa normal. O de Weidman estava abaixo do considerado normal e isso seria um indicativo de que o norte-americano pode ter burlado as leis relativas a doping – relembre o caso e veja os níveis aqui."Será que ele não parou o ciclo dele? Será que não foi ele quem teve de parar o ciclo dele, porque (a testosterona dele) estava baixa? Eu fazia um tratamento e paguei o preço. Mas vocês já pensaram nisso, ou não? Ninguém nunca falou nisso. Meu nível estava normal, o dele que estava baixo. Como é que um garoto com a idade dele tem a testosterona baixa?!", acusou o brasileiro.
"A realidade é que todo mundo estava fazendo seus ciclos, com suas testosteronas. Eu não fazia nada escondido. Vocês sabiam tudo o que eu fazia, eu fazia um tratamento. E ainda tenho deficiência (do hormônio), eu estou trabalhando com suplementos, alimentação. Eu levo uma vida de sacrifício. Eu não tenho uma vida social comum, minha vida é regrada. Não vou passar o segredo meu e do meu médico, mas temos usado coisas naturais para suprir essa falta", explicou Belfort, que repetiu. "Não era a minha que estava alta. A dele que estava baixa. Há algo errado com ele."
Enquanto Belfort pega Handerson em novembro, Chris Weidman tem defesa de cinturão marcada para dezembro, quando enfrenta Luke Rockhold – seu primeiro rival não brasileiro desde que virou campeão dos médios do UFC.
Categoria masters, para os 'vovôs'
Uma brincadeira comum em alguns duelos de veteranos do UFC é sugerir a criação de uma categoria para os vovôs, os másters. Agora, há quem defenda isso com seriedade. Vitor Belfort, 38, não tem intenção de se aposentar cedo, e quer ver seus companheiros mais experientes se mantendo no octógono.
"Eu acho que a sociedade hoje é muito padronizada, ela coloca a maneira que você tem de aposentar. Eu penso, inclusive, em criar uma liga das lendas. Sei lá, de 40 aos 50 anos, de 35 a 45, ou de 45 a 55. Por que não? Para muitos atletas, ainda não acabou. Você não pode deixar os outros determinarem quando acaba, é quando você sente que acaba. Todo mundo tem o direito de começar e terminar. E é assim que me sinto agora, me sinto no meu melhor", afirmou ele.
Belfort também defendeu a criação de lutas no "absoluto", uma categoria sem limites de peso, para que os levinhos possam enfrentar os mais pesados – como se via quando o Ultimate estava em seus primórdios e não havia divisão por peso.
Equipes à la F1 e ganhar para treinar
Outra ideia levantada por Vitor veio com uma crítica forte para o atual acordo do Ultimate com a Reebok. Nele, os patrocinadores pessoais foram vetados nas semanas de luta e no dia do combate. Para o carioca, isso é inviável. Suas soluções são criar espaços para apoiadores no uniforme e criar um esquema em que os atletas recebam também para treinar – e não só para lutar. Tudo tendo como base equipes mais fortes, quase ao estilo da Fórmula 1.
Para Vitor, o ideal seria conseguir um patrocinador para bancar uma equipe, fazer contratações e vender a imagem deste time.
"Eu tenho visão do esporte, deste negócio. Vejo hoje as pessoas representando equipes. Mas os donos de equipe estão sufocados. Eles têm que abrir a academia para ter alunos (não lutadores) para pagar a conta. E não fecha a conta. Como você ajuda esses empresários? Como é com o dono de uma equipe, como a McLaren? Sem patrocinador, não tem dinheiro. O UFC tinha de abrir espaço para ser como uma ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Tinha que criar espaço, lutador com tantos anos de casa teria direito a tantos patrocinadores no uniforme. Você tendo isso, você consegue montar uma equipe. É meu sonho: poder pegar uma empresa e montar um time, contratar o Glover Teixeira, o Anderson Silva… Você faz um time. E com um time você tem a imagem dele para trabalhar. Esse é o futuro do esporte. Você não pode representar uma equipe e ainda pagar um percentual, como é hoje. Um salário permitiria essas coisas", afirmou ele.
"Em todos os esportes, ganha-se para treinar e para competir. Por que não o MMA? Principalmente hoje. Foram tirados os nossos patrocinadores. Arrancaram meus patrocinadores. Quem paga minha conta mensal? Eu tenho que ganhar um mensal! Ninguém quer passar fome. Eu preciso ter um salário. Temos de ter consciência que quem banca o esporte é o patrocinador", concluiu.
McGregor
Outro tema abordado por ele foi a febre em torno de Conor McGregor, rival de José Aldo. Vitor criticou suas provocações.
"Eu acho que tem que haver punição da ética e da moral, para quem falar besteiras como ele. Imagina você falando as coisas que ele fala em um Lugar público? No WWE é entretenimento, mas nosso esporte não pode ser mais real. Imagina uma criança querer imitar esse cara com o pai e com a mãe?", comentou Belfort.
O lutador se mostrou preocupado com as atitudes do irlandês. "Lembra como era o vale tudo por causa dos vândalos que saiam batendo nas pessoas por aí? Eu capinei para chegar aqui e sei como foi difícil . Temos de impor uma ética. Até os fãs estão desrespeitando os lutadores por causa dele. Acho que temos de ter um cuidado e tem que existir um vilão, uma provocação, até falar de jeito mais duro. Mas tem um limite. Na olimpíada ninguém faz o que ele faz", completou.
Os ingressos para o UFC que será realizado em São Paulo, no dia 7 de novembro, no ginásio do Ibirapuera, começam a ser vendidos nesta quarta-feira, via www.livepass.com.br.
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