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Briga entre mãe e técnico de Ronda expõe caos na família das campeãs

Maurício Dehò

21/10/2015 06h02

As últimas declarações da mãe e mentora de Ronda Rousey caíram como uma bomba. Afinal, como ela, uma figura tão presente na vida da campeã do UFC, podia externar, sem papas na língua, que odiava tanto a figura do atual técnico de Ronda, Edmond Tarverdyan, a ponto de dizer que passaria por cima dele com um carro? Pois é, um baita climão foi criado. Mas, apesar do peso das palavras de AnnMaria De Mars, esse é só um dos arranca-rabos familiares de uma longa lista.

Só para ficar no "caso Edmond", AnnMaria soltou as seguintes pérolas, justificando que ele é desrespeitoso não só com Ronda, mas com mulheres em geral:

1. "Edmond é um treinador terrível. Ele acertou na loteria quando Ronda entrou em sua academia"
2. "Ela era uma das melhores do mundo quando entrou naquela academia e ele sequer dedicou um tempo do seu dia para ela durante meses. Eu acredito que ela está lá por superstição e gostaria de alertar para que ninguém fosse (treinar) lá"
3. "Eu passaria com meu carro por cima dele se a lei permitisse. Eu odeio esse cara. Ele é o ser humano mais sem valor que Deus já colocou na terra"

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Pesado… AnnMaria De Mars, antes de ser mãe de Ronda, foi uma judoca de sucesso, além de trabalhar com tecnologia, escrever livro, dar aulas de matemática. Em 1984, foi primeira mulher campeã mundial de judô pelos Estados Unidos. Três anos depois, nasceu Ronda. AnnMaria não faz aquele tipo de mãe coruja, cheia de mimos e carinhos. Basta uma lida na biografia "Minha Luta/Sua Luta" para perceber que o clima na família sempre foi duro, cheio de cobranças, muitas divergências, algumas brigas mas, apesar disso, uma forte conexão que superou as barreiras e, bem ou mal, forjou a lutadora mais dominante do UFC.

Um dos exemplos de união da família se deu logo quando Ronda tinha oito anos. Seu pai, que sofria sequelas de um grave acidente, cometeu suicídio, e deixou AnnMaria com Ronda e sua irmão ainda pequenas.

Adolescência: começo do caos

Conforme cresceu e se aproximou da carreira da mãe, indo para o judô, Ronda passou a ter uma relação mais conflituosa, ainda que sempre tivesse AnnMaria como professora, conselheira e exemplo.

As decisões da matriarca sempre foram duras. Se a filha se lesionasse, não tinha colher de chá. AnnMaria queria provar à filha que, mesmo em seu pior dia, ela podia ser a melhor do mundo. Aos 12 anos, a menina quebrou um dedo do pé em treino, mas foi ordenada a seguir em ação. "Sabe por que fiz isso?", falou AnnMaria. "Porque você me odeia", ouviu da filha. "Não, foi para mostrar que você podia. Se você quer ser campeã do mundo, tem de vencer mesmo com dores. Agora você sabe que pode."

Com 16 anos, apenas, Ronda se mudou para longe da família meio a contragosto e passou a morar na casa de um treinador para se dedicar mais intensamente ao judô. Também na adolescência, viu a mãe rejeitar um namorado – que só Ronda não via que lhe colocava chifres – e se sentiu sufocada por vê-la tomar decisões em seu nome. Tanto que, mais tarde, quando já tinha voltado a morar com a família, fugiu de casa e cruzou o país sem falar para ninguém, para ir treinar em Nova York, dando um gelo de meses em AnnMaria.

A maior rixa

Entre idas e vindas, fugas e reencontros emocionados, Ronda nunca conseguiu o objetivo de ser campeã olímpica. E o exemplo mais forte de uma rixa entre ela e a mãe foi a decisão de Ronda de abandonar seu esporte original e entrar no MMA. AnnMaria não queria, de forma alguma, e questionava principalmente as chances de uma mulher enriquecer nas artes marciais mistas. "Eu não estou discutindo a capacidade de Ronda como atleta. Eu estou questionando o 'ela vai ser uma grande estrela e ganhar muito dinheiro"'. Assim, a matriarca durona deu um ano para Ronda tentar convencê-la do contrário, senão a faria ir cursar uma faculdade ou arranjar um trabalho.

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AnnMaria teve de dar o braço a torcer e, nos últimos anos, retomou seu espaço ao lado da filha. Tanto que esteve no Brasil no UFC 190, acompanhando todos os passos de Ronda contra Bethe Correia – e até cornetou que a vitória em 34 segundos foi "longa demais". Mas será que ela estará na Austrália em novembro?

E agora, Ronda?

Mais que a presença ou não, a grande questão que fica com a nova rixa é: qual a influência das declarações de AnnMaria na preparação de Ronda para o combate contra a ex-campeã mundial de boxe Holly Holm? A campeã ainda não comentou as falas da mãe, então ainda é complicado fazer uma leitura do impacto. Seria de se supor que esse clima pode se tornar um empecilho, mas Ronda está acostumada a enfrentar barreiras físicas e mentais e a ter uma relação tempestuosa com a matriarca da família. Desta vez, soma-se mais um detalhe da sua vida pessoal, que é o namoro polêmico com Travis Browne.

Na Austrália, diante de Holm, Ronda terá de deixar uma lista longa de influências externas de fora e provar que, dentro do octógono, nada disso vai atrapalhar sua série arrasadora. Há muito em jogo para a campeã.

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