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Empresa de Ronaldo corta laços com lutadores em ‘protesto’ contra o UFC

Maurício Dehò

10/11/2015 08h50

A agência 9ine, empresa de marketing esportivo de Ronaldo, que gerencia a carreira de diversos atletas e trabalhou com grandes nomes do MMA resolveu cortar seus laços com o UFC, em protesto contra a organização. Com isso, deixou de trabalhar com Vitor Belfort – que neste fim de semana venceu Dan Henderson, em São Paulo – e o peso pesado Júnior Cigano.

A decisão da empresa de se afastar do UFC tem relação com a política de patrocínio imposta no meio deste ano. Com o início de uma parceria com a Reebok, os lutadores não podem mais expor patrocinadores pessoais durante toda a semana da luta, o que gerou muita controvérsia. Os banners com patrocinadores, que figuravam atrás dos competidores antes das lutas, foram banidos e, além disso, eles passaram a vestir uniformes da empresa de material esportivo, sem qualquer menção às marcas.

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Em nota oficial, a 9ine declara: "Comunicamos que a partir desta data a 9ine Sports & Entertainment se retira de qualquer negociação que envolva o UFC, seus eventos ou lutadores. A agência não acredita no novo modelo adotado pela empresa na captação de patrocínio e é de opinião que este fere diretamente todos os atletas da organização, além das empresas que apoiaram e apostaram no UFC por longos anos."

Para Ronaldo e a agência, a decisão do UFC de proibir a exposição de patrocinadores pessoais é intolerável. "Nem só de negócios se faz uma grande empresa. Temos princípios fundados na visão de um ex-atleta e amante do esporte. Nosso presidente, Ronaldo Nazário, não tolera ver uma organização alterar suas regras de captação de patrocínio e remuneração dos lutadores – de maneira arbitrária – sem tomar uma posição."

Em troca pela ausência das marcas exibidas anteriormente, o UFC passou a fazer um repasse do que recebe da Reebok, mas com valores que são distantes do que os grandes figurões geravam – apesar de em muitos casos beneficiar os atletas mais jovens, que conseguiam angariar poucos patrocinadores. De acordo com o número de lutas, os empregados do Ultimate recebem um valor, a cada compromisso. De uma a cinco lutas, ganha-se US$ 2,5 mil. O valor cresce até o limite de US$ 20 mil, para lutadores com mais de 21 lutas. Desafiantes a cinturão recebem US$ 30 mil e campeões, US$ 40 mil.

Com nomes como Belfort e Cigano, segundo o blog apurou, era possível gerar de R$ 600 mil a R$ 1,2 milhão em patrocínios. Com a chegada da nova política do UFC, a empresa passou a ter dificuldades de fechar acordos e já cobrava uma reavaliação por parte da organização de MMA.

Ao Na Grade, Victor Rios, diretor de relações públicas da 9ine, explicou que a rompimento com Belfort e Cigano já foi avisado e que não fazia mais sentido tentar captar patrocínio para lutadores que não conseguiriam mostrar seus apoiadores.

"Não vamos representar, nem passar patrocínio para nada que envolva o UFC, porque o que adianta correr atrás se não pode expor a marca? É um trabalho de secar gelo, procuramos patrocinadores, quase fecha, quase fecha, mas nunca fecha. E patrocinador quer aparecer", explicou, Rios. "É uma posição bem incisiva da empresa."

Joana Prado, mulher e empresária de Vitor Belfort, explicou ao blog que a decisão foi natural. "A 9ine captava patrocínio para o Vitor nas lutas. E, uma vez que entrou a Reebok no UFC, e não existe mais patrocínio para atletas, não fazia sentido estar com o Vitor. Claro que temos projetos para o futuro, adoramos eles, o Ronaldo, mas não fazia mais sentido". Sobre o tom do comunicado, apenas disse que entende a posição que foi assumida. A equipe de Cigano preferiu não se pronunciar.

A 9ine ficou mais famosa neste meio por trabalhar a imagem de Anderson Silva por boa parte do auge de fama do ex-campeão dos médios – o Spider foi, por sinal, o primeiro atleta da empresa. No entanto, as partes romperam antes da última luta dele, contra Nick Diaz, em que o astro foi pego no antidoping. Com Anderson, Ronaldo chegou a viajar para eventos, participou de um treino aberto e sempre se sentava na boca do octógono – uma imagem sua comemorando o nocaute sobre Yushin Okami, aos pulos, ficou famosa em 2011.

As últimas decisões do UFC fizeram alguns lutadores se levantarem e peitarem o evento – principalmente atletas que já deixaram a organização. O Ultimate vem sendo processado por monopolizar o mercado e nomes como Wanderlei Silva tentam criar uma espécie de sindicato, para mobilizar os atletas.

Vitor Belfort também é crítico da nova regra, apesar de não falar incisivamente contra o UFC. Na última semana, antes de enfrentar Dan Henderson, ele reclamou do fato de receber para lutar e não para treinar – como acontece em esportes como o futebol, em que se recebe mensalmente. "O futuro é ser pago para treinar", opinou.

Confira a nota, na íntegra:

Comunicamos que a partir desta data a 9ine Sports & Entertainment se retira de qualquer negociação que envolva o UFC, seus eventos ou lutadores. A agência não acredita no novo modelo adotado pela empresa na captação de patrocínio e é de opinião que este fere diretamente todos os atletas da organização, além das empresas que apoiaram e apostaram no UFC por longos anos.

A história entre 9ine e UFC é antiga. Fomos a primeira agência de marketing esportivo e entretenimento a mergulhar de cabeça em projetos propostos pela franquia. Fomos também pioneiros ao trabalhar a imagem de lutadores como Anderson Silva, Junior Cigano e mais recentemente Vitor Belfort. Todos campeões e referências em suas categorias.

Mas nem só de negócios se faz uma grande empresa. Temos princípios fundados na visão de um ex-atleta e amante do esporte. Nosso presidente, Ronaldo Nazário, não tolera ver uma organização alterar suas regras de captação de patrocínio e remuneração dos lutadores – de maneira arbitrária – sem tomar uma posição.

Sendo assim, a 9ine sai do "negócio UFC" sem deixar de se posicionar a respeito do que acreditamos ser uma injustiça com os atletas, verdadeiros guerreiros, que vivem do MMA. A eles, desejamos todo o sucesso e sabedoria para lidar com as dificuldades que se avizinham.

UFC São Paulo
Card principal:
Médio: Vitor Belfort nocauteou Dan Henderson, no 1º round
Meio-pesado: Glover Teixeira nocauteou Patrick Cummins, no 2º round
Galos: Thomas Almeida nocauteou Anthony Birchak, no 1º round
Leves: Alex Cowboy nocauteou Piotr Hallmann, no 3º round
Leves: Rashid Magomedov venceu Gilbert Durinho, por pontos
Meio-pesados: Corey Anderson venceu Fabio Maldonado, por pontos

Card preliminar
Leves:
Gleison Tibau finalizou Abel Trujillo, no 1 º round
Leves: Johnny Case venceu Yan Cabral, por pontos
Penas: Thiago Tavares finalizou Clay Guida, a 39s do 1º round
Penas: Chas Skelly finalizou Kevin Souza, no 2º round
Meio-médios: Viscardi Andrade venceu Gasan Umalatov, por pontos
Galos: Jimmie Rivera venceu Pedro Munoz, por pontos (decisão dividida)
Galos: Matheus Nicolau finalizou Bruno Korea, no 3º round

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