Acabou a Era do "Sim, Senhor" na relação dos lutadores com o UFC. Se antes o evento nadava de braçada com a sensação de que era o único lugar em que os grandes atletas de MMA poderiam estar, agora os funcionários perceberam que podem – sim – ter voz ativa diante dos patrões.

A franquia levou um choque de realidade – dessa nova realidade – com o segundo confronto público com um de seus astros em menos de um mês.

O novo embate veio com o canadense Georges St-Pierre, afastado do octógono desde de 2013, mas ainda o maior campeão que os meio-médios do Ultimate já tiveram. Mais que isso, está no rol dos maiores de todos os tempos no MMA.

O ex-campeão disse na última segunda-feira que não tinha mais contrato com UFC depois de uma falta de entendimento entre as partes por conta de seu possível retorno às lutas. Mais tarde, a franquia rebateu o atleta, dizendo que ele continua com o acordo ativo.

Mas mais que os diz-que-me-disse dos dois lados, fica claro que acabou o amor incondicional entre patrões e empregados. Antes de GSP, tinha sido José Aldo a jogar M* no ventilador, ao pedir para ser liberado de seu contrato e anunciar aposentadoria depois de o UFC ter marcado a luta de Conor McGregor contra Eddie Alvarez.

(Sem contar o pesado desabafo que Anderson Silva fez aqui no UOL Esporte, mas que pediu desculpas depois levar uma invertida do presidente do Ultimate.)

O brasileiro está encampado a ideia de uma união entre os lutadores, como um sindicato, por mais que Dana White tenta tentado demovê-lo da ideia. Mas essa é uma situação cada vez mais real para todos os envolvidos.

Os eventos rivais do UFC já estão oferecendo valores que agradam quem queria deixar a nave-mãe – veja o caso do ex-campeão Benson Henderson e do ex-desafiante Rory MacDonald que agora estão no Bellator – além da liberdade que eles têm para buscarem patrocínios para as lutas, o que não tem no UFC por conta do acordo com a Reebok.

Dana White e os novos donos do Ultimate provavelmente terão de rever a relação com os lutadores, principalmente quando forem fazer novos contratos e – principalmente – abrir mais a carteira.