UFC Rio vira velório de geração de ouro do MMA brasileiro. Mas há esperança
Jorge Corrêa
13/05/2019 04h00
Desde os tempos do vale-tudo, o Rio de Janeiro sempre foi a casa do Brasil em termos de paixão pelas lutas. Até por isso, foi por lá que o MMA brasileiro teve alguns dos momentos mais memoráveis de sua história dentro do UFC. Mas o que vimos no último sábado, na décima passagem o Ultimate pela cidade, foi um triste epílogo da maior geração do Brasil nas artes marciais mistas.
Esqueça o público em chamas do início dessa década, levando a arena abaixo com atuações épicas de Anderson Silva, José Aldo ou Minotouro. O que vimos foi uma geração envelhecida, que não está sabendo a hora de parar ou ainda não assumiu que falta a motivação necessária para continuar lutando.
É importante deixar claro: o que fizeram no último sábado em nada apaga o legado que deixarão para o esporte nacional. Anderson Silva continuará sendo o maior de todos os tempos, José Aldo seguirá como um dos maiores nomes do MMA brasileiro, assim como Rogério Minotouro. Mas eles precisarão pensar com muito carinho seu próximo passo depois do que aconteceu no Rio de Janeiro.
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Ficou claro que o corpo do Spider já não aguenta mais o que precisa para ele seguir lutando com dignidade. José Aldo, por sua vez, entrou sem gana. Parecia estar cumprindo aviso prévio para o final de seu contrato com o Ultimate. Minotouro, nocauteado de forma avassaladora, foi um arremedo do que já apresentou nos ringues pelo mundo. Thiago Pitbull, com 13 anos de UFC, foi outro que escancarou que, com uma atuação sofrível, a nova geração está pedindo passagem.
Reitero: sem Anderson Silva e José Aldo, nada disso teria acontecido. Não teríamos um ginásio lotado no décimo evento do UFC no Rio de Janeiro em oito anos. Se chegamos até aqui, muito – mas muito mesmo – é por conta do espetáculo que eles nos proporcionaram nos últimos anos.
Mas nem tudo é lamento para o MMA brasileiro o final desse evento. Sim, a nova geração do país se mostrou presente, principalmente com Jessica Bate-Estaca, que nocauteou a americana Rose Namajunas e conquistou o cinturão peso palha do UFC. O Brasil agora tem três dos quatro títulos femininos.
Além disso, tivemos boas atuações de Viviane Araújo, Luana Carolina, Thiago Moises e Raoni Barcellos, assim como a vitória do jovem, mas um pouco mais rodado Warlley Alves, que nocauteou o veterano sorridente Serginho Moraes. Ou seja, há esperança. Não é terra arrasada o MMA brasileiro. E não só por esses nomes que citei nesse parágrafo. Mas chegou o momento de a geração de ouro passar o bastão de vez.
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