Os motivos da minha irritação com Wanderlei – Comentem com educação

Acho que não fui muito bem compreendido em meu post anterior, quando critiquei Wanderlei Silva por ter ido muito longe com sua brincadeira de 1º de abril sobre a luta contra Gegard Mousasi. Vou tentar deixar meus pontos mais claros.

1) Não estou tirando a nossa culpa – nossa, nesse caso, da imprensa. De todos que "caíram" nessa brincadeira do Wanderlei. Claro que no mundo ideal, perfeito, todos teríamos confirmado a história com o UFC, com Joe Silva ou até mesmo com Dana White. Mas por uma simples questão de distância, essa relação entre imprensa brasileira e diretoria do UFC não é fácil, não é simples. Não é como ligar para um clube de futebol daqui e perguntar se fulano ou ciclano foi contratado ou não.

2) Dito isso, uma explicação sobre o modus operandi da cobertura de MMA do Brasil nesse momento: as principais fontes de informação são os próprios lutadores (ou seus empresários). Apesar de o UFC não aprovar muito essa situação, eles muitas vezes "vazam" suas lutas, seus adversário, suas lutas, antes de o próprio UFC oficializar esse combate. Havia uma corrente de confiança nessa relação, principalmente no caso do Wanderlei, um cara que tem boas opiniões sobre o esporte, está nele há muito tempo. Provavelmente ela não existirá mais, daqui para frente.

3) Parafraseio Ariel Helwani novamente: "É grande a diferença entre mentir e brincar. E se o torcedor comprou ingresso esperando uma luta do Wanderlei? Apenas não consigo ver como mentir é divertido." Uma piada é engraçada. Só que, quando contada por muito tempo, perde a graça. Wanderlei foi muito longe. Mentiu para pessoas sérias. Mentiu para quem apenas queria a informação correta. Caímos em muitas outras pegadinhas de 1º de abril, mas que foram desmentidas poucos minutos depois. Muita gente não achou graça da piada hoje.

4) Ele colocou em xeque a credibilidade de muita gente boa, que sempre esteve comprometida com o esporte e com um jornalismo de qualidade. Imagine colocar em dúvida uma classe profissional inteira? Imagine que alguém chegue a um médico, fingindo um ataque cardíaco e depois fale que era 1º de abril? Um operário que foi chamado para uma obra e, ao chegar lá, descobre que era uma piadinha?

5) Ninguém caiu na pegadinha do Wanderlei porque é um jornalista ingênuo, bobo, burro, fraco ou algo do gênero. Caímos porque confiamos na palavra de um dos maiores lutadores da história do MMA e porque todos nós fomos enfáticos em perguntar: "Não é mesmo uma piada de 1º de abril?". Ele, sempre impassível , respondia que NÃO, deu detalhes da negociação. Falou até mesmo em qual voo ele iria para a Suécia. Foi publicado o que ele disse. As manchetes sempre foram "Wanderlei diz que…", nenhuma "cravou" o combate. Ninguém comprou, pura e simplesmente, o tuite que ele publicou. Todos fizeram questão de telefonar para ele. Não teve o furo pelo furo, a correria para dar primeiro.

6) Não foi a primeira e nem será a última pegadinha de 1º de abril em que a imprensa vai cair (nem a última vez em que alguém usará a mídia para "causar"). Faz parte do jogo, mas ele zombou dos profissionais e do trabalho deles, sem nem mesmo dar uma explicação sobre isso depois. Apenas "comemorou" ter pegado todo mundo.

7) Tudo isso soa como #mimimi, dor de corno. Ninguém gosta de ser enganado. É uma questão de manter uma postura. Sempre fui crítico a questões desse gênero com caras como Anderson Silva, Chael Sonnen, Jon Jones, entre outros. Por que não seria com o Wanderlei? Mantenho meu respeito e admiração por ele dentro do octógono. Nesse momento, apenas lá.

Sobre os comentários: O post anterior teve os comentários bloqueados pois em sua maioria eles eram ofensivos e vazios. Os pouquíssimos que tinham opiniões concretas e bem embasadas pagaram pela bobagem dos outros. Então convido para, nesse posts, todos comentem e deixem sua opinião. Mas de maneira ponderada e educada. Ninguém é obrigado a ler palavrões e ofensas sem embasamento. Discutam e opinem em alto nível.