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Na Grade do MMA

Wanderlei não aprende com bronca

Jorge Corrêa

22/04/2014 07h17


Quem acompanha mais de perto o UFC sabe que Dana White é famoso por seu temperamento explosivo. Quando ele está puto com algo ou alguém, não tem papas na língua. Grita, briga, xinga em público sem o menor problema. Mas o que vimos no último episódio do TUF Brasil 3 foi diferente. Foi bem maior que o normal.

A briga entre os treinadores Wanderlei Silva e Chael Sonnen tirou o presidente do Ultimate do sério de uma maneira nunca vista – pelo menos não publicamente. Ele deu uma bronca pesada, histórica nos dois, depois de eles terem protagonizado um dos maiores vexames do reality show e do próprio UFC.

Essa descompostura passada por Dana White – que incluiu a expulsão de André Dida, assistente de Wanderlei, por ele ter agredido Sonnen pelas costas – alivia um pouco o clima ruim criado pela confusão. Como escrevi aqui na semana passada, a cena depõe muito contra o esporte, que há tantos anos luta contra o estigma de ser violento.

O problema é que mesmo com essa bronca dada pelo presidente via vídeo conferência, já que ele acompanhou as gravações de Las Vegas, a mancha ainda fica. Claro que um episódio tem um tempo exíguo, mas vejo como um erro de estratégia a edição ter separado a briga da chamada de atenção. Foi uma semana inteira para que aquela cena fosse repassada, repisada e amplamente criticada. Tornou-se um prato cheio para os críticos do MMA.

Mas parece que nem com essa sonora bronca todos os envolvidos aprenderam a lição. Saindo dessa reunião, Wanderlei Silva foi explicar ao seu time o motivo da expulsão de Dida e manteve o mesmo discurso belicoso que levou à briga. "Ele só fez o que todo mundo queria fazer, que é dar umas porradas nesse filho da puta", disse, aos gritos.

Wanderlei não deveria ter assumido essa postura de justiceiro da moral brasileira, mostrar que vai cobrar Sonnen por tudo que ele já disse contra o país na época das lutas contra Anderson Silva. Ele traz uma mentalidade que já não tem mais espaço dentro das artes marciais mistas. Parece que ele quer levar o esporte para um lugar em que ele estava 20 anos atrás, nas rixas entre academia e brigas em ruas ou baladas.

O resultado claro para Silva é óbvio. Ele vem perdendo cada vez mais espaço junto do público brasileiro. Como identifiquei na semana passada, a torcida está cada vez mais próxima de Chael Sonnen e se mostrando refratária ao discurso e à postura de Wanderlei.

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