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Na Grade do MMA

Os culpados pelo vexame de Renan Barão

Jorge Corrêa

01/09/2014 06h01


Passado o turbilhão que foi a retirada de Renan Barão da disputa de cinturão peso galo do UFC no último sábado – quando deu lugar a Joe Soto, que acabou nocauteado pelo campeão TJ Dillashaw – precisamos analisar o ocorrido com mais calma, assim como falar sobre todos os envolvidos nesse vexame na carreira do lutador – vexame não pelo desmaio em si, mas pela situação delicada que ele ficou com tudo isso.

1) Em entrevista aos amigos do Combate.com, o técnico e empresário de Renan Barão, Dedé Pederneiras, disse que agora vai pedir mais tempo entre as lutas de seu pupilo, para que ele possa descansar mais e se recuperar melhor. Para Dedé, a crise da última semana foi o corpo do lutador pedindo um tempo. Ele não assumiu literalmente, mas essa fala deixa clara [boa] parte da culpa por tudo que aconteceu.

Como treinador – apesar de Barão ser mais próximo de seu descobridor Jair Lourenço – e principalmente como empresário, Dedé é responsável direto, para não dizer único, pelas lutas que Barão aceita, assim como quando elas vão acontecer. Se ele lutaria três vezes em seis meses, é porque Dedé aceitou isso. Conhecendo Renan e sua personalidade, é bem difícil [ou quase impossível] de se imaginar que ele bateu de frente com sua equipe para aceitar esses combates.

O próprio Dedé admitiu, aqui no blog, que ele perdeu para TJ Dillashaw porque não conseguiu se recuperar completamente da luta anterior e, mesmo assim, aceitou a revanche em um espaço ainda menor de tempo. A explicação: "é complicado deixar passar uma disputa de cinturão em um evento tão parelho e disputado como o Ultimate". Isso leva ao próximo tópico.

2) Se por um lado Dedé tem sua parcela de culpa por ter aceitado esses combates em tão pouco tempo, do outro lado tem o UFC que os ofereceu. É sabido que um lutador precisa de pelo menos dois meses para fazer um treinamento completo, sem contar o tempo de recuperação depois do combate anterior.

Além disso, ficou ainda mais claro que Dana White pega no pé mais que o normal com o pessoal da Nova União. E Pederneiras sabe bem disso. As críticas são sempre mais pesadas, assim como as cobranças. Isso também colabora para o fato de o treinador ter dito que precisava aceitar essa revanche agora.

O peso dos ataques de Dana White a Barão depois do corte no UFC 177 também foi completamente desproporcional. Atacar sua preparação e ainda deixá-lo sem bolsa por um acidente que poderia ter acontecido com qualquer um soa descabido. Jon Jones já cancelou um evento inteiro estando saudável e bateu muito de frente com o Ultimate. Nem por isso teve uma punição ou uma bronca pública como essa. Em oito lutas no UFC, sendo cinco valendo cinturão, Renan nunca teve problema com peso e sempre agiu de maneira extremamente profissional.

3) O que aconteceu com Barão é um ótima oportunidade para que voltemos a debater o modus operandi da pesagem e os processos de corte de peso no MMA – assim como na maioria das modalidades de lutas. Ficou claro que os atletas de alto nível estão indo cada vez mais ao seus limites físicos. Eles podem até falar que estão acostumados, mas a violência que praticam com seu próprio corpo vai deixando marcas cada vez mais indeléveis. O tempo é implacável.

A solução para isso é simples: mudar a pesagem para o dia dos eventos, algumas horas antes da luta. Dessa maneira, os lutadores não poderiam levar seus corpos à extrema falta de comida e desidratação. Eles não teriam tempo para recuperar as forças para a luta. A única solução para eles seria competir em categorias mais condizentes com seus pesos reais.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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