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Na Grade do MMA

Weidman x Belfort: Para enterrar o clichê do duelo de gerações

Jorge Corrêa

19/05/2015 11h23

Mais de um ano de atraso e pelo menos três adiamentos. Fim do polêmico TRT, lesões, provocações. Tudo isso será apenas detalhe quando os dois entrarem no octógono. Chris Weidman e Vitor Belfort não são do tipo de lutadores que chamam mais atenção pelo o que falam do que pelo o que praticam em seus combates. Mais que isso, eles têm todos os ingredientes para fazerem uma das lutas melhores lutas do ano.

O MMA vem provando ser um dos poucos esportes de alto rendimento em que veteranos podem fazer frente a atletas bem mais jovens. Em qualquer outra modalidade, principalmente as individuais, os oito anos de diferença entre os concorrentes pelo cinturão dos pesos médios do UFC pesaria muito para o lado do mais jovem. Mas Vitor Belfort já mostrou que no seu caso, a data marcada em seu RG é apenas um detalhes.

Esqueça o velho clichê jornalístico do duelo de gerações. O que teremos no co-main event do UFC 187 neste sábado, em Las Vegas, é um confronto de dois lutadores com estilos distintos, mas que nos últimos anos apresentaram o que melhor se pôde ver tecnicamente no MMA nesta categoria.

A carreira de Chris Weidman nas lutas mostra que nasceu para um dia ser campeão do UFC. Não era da boca para fora que ele falava que tinha Anderson Silva como objetivo e como inspiração quando decidiu ir de sua bem-sucedida passagem pelo wrestling universitários dos EUA para as artes marciais mistas. Na luta agarrada já deixava claro onde poderia chegar.

O norte-americano se moldou dentro do MMA moderno. Com uma fortíssima base no wrestling, foi colocando em seu jogo a trocação de Ray Longo e o jiu-jitsu de Renzo Gracie na medida certa, criando um dos mais completos e competitivos lutadores que o UFC já viu. Uma carreira invicta de 12 lutas com um cinturão que já foi de Anderson Silva não acontece por acaso.

Já Vitor Belfort é um dos dinossauros deste esporte, como o próprio gosta de falar. Se no começo era talento puro, ele se transformou durante o anos com muito trabalho. Ainda está lá a explosão que lhe deu fama e o apelido de Fenômeno, mas agora com uma técnica muito refinada. Vimos ele se reinventar depois da derrota para o Spider em 2011. Se suas mãos eram famosas pela velocidade e o peso, ele colocou uma nova arma em seu arsenal: os chutes. Foram os três nocautes desta maneira em 2013 que o credenciaram novamente a uma disputa de cinturão dos médios.

Mas no último ano ele teve de se recriar mais uma vez , agora fisicamente. Com a proibição da terapia da reposição de testosterona, o polêmico TRT, o brasileiro precisou mudar sua rotina, seus treinos, sua vida. Pudemos ver nas redes sociais sua reconstrução para chegar em sua melhor forma física para essa luta. Os adiamentos e lesões do campeão foram aliados neste momento.

Vendo o retrospecto e analisando o estilo de cada um, Belfort leva vantagem nos dois primeiros períodos de combate. Ele sempre foi muito explosivo e garantiu suas melhores e maiores vitórias nos 10min iniciais. Por mais que não o tenhamos visto passar do segundo round desde que estreou entre os médios, em 2008, a tendência é a luta se complicar para ele a partir daí.

A culpa disso é muito do próprio Chris Weidman. Contra Lyoto Machida, vimos um campeão estratégico e pronto para lutar por 25 minutos. O norte-americano tem tudo para tentar cozinhar o combate em seu o início, pois sabe que quanto mais longo ele for, a balança começa a pender para seu lado. Ao mesmo tempo, esse pode ser o grande trunfo do brasileiro. E se ele está com o melhor gás de toda sua carreira e só quem treina com ele sabe? ​

* O texto foi publicado originalmente no site do UFC no Brasil

Sobre o blog

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