Garota problema e mãe solteira. Conheça a desafiante que furou fila no UFC

Entre as quatro mulheres que protagonizam o UFC deste sábado, na Austrália, uma delas voa fora do radar, quase sem receber atenção. Se Ronda e Holm são as estrelas e a campeã peso palha Joanna Jedrzejczyk já é queridinha da público, a desafiante desta última é quem chega com mais a provar. Valerie Letourneau disputa o cinturão com Joanna contando com um bocado de sorte – ao cortar a fila e deixar para trás Claudia Gadelha – e muita superação, de uma vida em que foi uma garota problema e virou mãe solteira.

A furada de fila protagonizada por Valerie nem pode ser colocada muito em sua conta, já que foram as circunstâncias que fizeram essa chance cair em seu colo. Claudia Gadelha era a preferida para uma revanche com Joanna – a brasileira foi derrotada pela polonesa em luta que não valia o cinturão. Mas, uma lesão na mão tirou a potiguar de ação em 2015.

Como o UFC precisava de uma rival pronta para lutar na Austrália, Valerie foi escolhida, por conta de seu momento. Apesar de ser apenas a oitava colocada no ranking, ela vem de quatro vitórias seguidas, sendo três no Ultimate.

"Não me surpreendeu ser chamada, e sim o momento, tinha acabado de sair de uma luta. Para ser honesta, além de Claudia, que se machucou, quem mais tem três vitórias seguidas no UFC? Quem pode aguentar a trocação da Joanna? Então, não me surpreendeu. Eu até concordo que Claudinha deveria lutar, mas, devido à lesão, nossa luta faz sentido", disse ela, em entrevista ao Na Grade.

Joanna tem se mostrado dominante em suas lutas, por conta de sua trocação versátil e afiada. Foi em pé que ela bateu a então campeã Carla Esparza e, em seguida, Jessica Penne. Valerie ganhou metade das suas lutas por nocaute, é oriunda do kickboxing e espera fazer frente à campeã.

"Ela não tem muitas falhas no jogo, defende bem quedas e tem uma trocação incrível. Mas minha luta em pé é boa também, ganhei lutas contra campeãs de boxe e sei que será uma guerra na trocação contra a Joanna.

Garota problema

A vida de Valerie como lutadora foi uma salvação para os problemas de sua adolescência. Não é á toa que o apelido da canadense, hoje com 32 anos, tenha como apelido "Trouble", ou problema.

Reprodução/Instagram

Hoje, ela superou essa fase e sua filha está no começo da adolescência. "Quando não estou na academia estou com minha filha. Treinar ocupa muito do meu tempo, então o que sobra eu uso com ela. Amamos aventura, animais, jardinagem, viajar…", conta Valerie.

A preocupação da mãe lutadora é de dar algo que não obteve de sua família. "Minha mãe me teve aos 16 anos e eu fui uma criança difícil de se lidar. Ela fez o melhor como mãe solteira. Tinha dois irmãos e uma irmã, mas eu é quem era sempre a problemática. Era hiperativa, impulsiva e difícil de controlar".

Isso fez a mãe da canadense tomar uma atitude drástica. "Ela me colocou em um centro juvenil, para minha própria proteção. Eu não tinha limites, não tinha medos e não ligava para nava. Acho que o melhor que me ocorreu foi começar a praticar esportes e achar no centro, lutando kickboxing, a paixão da minha vida. Só Deus sabe o que eu poderia ter virado."

Invicta no amador, Valerie criou confiança em seu talento, a ponto de ignorar o cartel negativo em suas primeiras lutas no MMA. Apesar de vencer sua estreia, perdeu duas seguidas. Depois, engatou sete vitórias em oito lutas – perdeu apenas para Claudia Gadelha, por pontos, antes de ambas entrarem no UFC.

Mãe solteira

Valerie e sua filha – Reprodução/Instagram

A dedicação ao MMA fez Valerie virar mãe solteira, já que o relacionamento com o pai de sua filha acabou. "Eu não queria ninguém me brecando, e é por isso que fiquei sozinha por tanto tempo. Para muitos homens, é difícil aceitar uma mulher fazendo de tudo por um esporte como esse, ainda mais há dez, doze anos, quando comecei".

"Nunca criei minha filha totalmente sozinha, o pai esteve presente, algo que eu fazia questão, porque não queria que ela crescesse como eu. Hoje ela vê minhas lutas, é minha maior fã e o que tento passar para ela é isso: trabalhe duro, siga seus sonhos e não deixe ninguém te desencorajar", ensinou a desafiante ao cinturão.

UFC 193 – 14/11 – Melbourne (AUS)
14 de novembro, em Melbourne (AUS)

Card principal
Galo: Ronda Rousey x Holly Holm, pelo cinturão
Palha: Joanna Jedrzejczyk x Valerie Letourneau, pelo cinturão
Pesado: Mark Hunt x Antônio Pezão
Médio: Uriah Hall x Robert Whittaker
Pesado: Stefan Struve x Jared Rosholt

Card preliminar
Leve: Jake Matthews x Akbarh Arreola
Meio-médio: Kyle Noke x Peter Sobotta
Meio-pesado: Anthony Perosh x Gian Villante
Mosca: Richie Vaculik x Danny Martinez
Meio-médio: Brendan O'Reilly x James Moontasri
Médio: Daniel Kelly x Steve Montgomery
Meio-médio: Richard Walsh x Steven Kennedy
Mosca: Ben Nguyen x Ryan Benoit