Evento japonês é nostálgico, mas ainda precisa de muito para ser novo Pride
Falar no Pride é causar uma enxurrada de lembranças em muita gente, saudosa com o evento que levantou nomes como Fedor Emelianenko, Minotauro, Wanderlei Silva e tantos outros. Falar de um "novo Pride", então, é criar uma expectativa gigante no retorno de uma época áurea. A chegada do Rizin Fighting Federation, que conta com organizadores daquela lendária organização, fez barulho. A estreia foi na terça-feira e uma segunda edição acontece já nesta quinta, dia 31. Mas, mesmo com a volta de Fedor Emelianenko como grande destaque, ainda é muito cedo para sonhar com algo que se equipare aos velhos tempos.
O Rizin tenta trazer toda a aura dos velhos tempos. Usa a Saitama Super Arena, que recebeu tantas noitadas do Pride, é realizado em ringue, optou por um regulamento que permite golpes mais agressivos. E, claro, o toque final foi chamar astros do passado.
Fedor Emelianenko está com 39 anos, parou em 2012 com vitória para Pedro Rizzo e agora retorna. O que enfraquece a volta é o rival, Singh Jaideep indiano de 1,96 m que luta kickboxing e tem só duas lutas no MMA. Fez uma em 2013 e outra em outubro de 2015. Venceu ambas por nocaute, mas é pouco para enfrentar alguém do porte do russo.
No primeiro evento, nesta terça-feira, houve outra "lenda" do passado, Kazushi Sakuraba. O "caçador de Gracies" está com 46 anos, não lutava desde 2011 e passou vergonha. Foi nocauteado brutalmente por Shinya Aoki, mostrando o por que de este tipo de retorno de estrelas do passado contar com uma grande chance de gerar uma vergonha alheia daquelas.
A iniciativa do Rizin de chamar Sakuraba e Fedor parece muito com a do parceiro Bellator, que vem tendo lutas de Ken Shamrock, Kimbo Slice e promoverá a volta de Royce Gracie em 2016. É algo pontual, que atrai público na hora mas, quando esses caras perderem ou se aposentarem de novo, o que sobra?
O Pride, por outro lado, criou suas lendas e rivalidades, assim como fez o UFC. E é isso que cativa o público: acompanhar o auge de um grande lutador.
Que fique claro, a festa da estreia foi bonita, grandiosa, e o vídeo a seguir comprova.
Mas o UFC já provou que menos pirotecnia e mais lutas boas são o que seguram as pontas em um evento ou que causam sua ruína.
No caso do Rizin, os trunfos são tentar atrair o antigo público às regras e divisão de tempo diferentes das do UFC, criar torneios – apesar dos riscos de lesão inerentes a este tipo de disputa – e, bem ou mal o russo se apresente, ganhar o "leilão" para ter a volta de Fedor.
Este tipo de evento de virada de ano já é uma tradição no Japão, com o Dream fazendo programações muito antes do Rizin. Apesar de se manter na programação temporada após temporada, a data acaba afastando muita gente, e o impacto, ainda que Fedor esteja no card, deve ficar um tanto perdido do grande público.
Ainda falta ao Rizin mostrar seus planos, informar qual será sua periodicidade e se o evento terá cacife, investimento e lutadores de renome suficientes para manter sua alcunha crível. Apesar da derrota de Sakuraba, o primeiro episódio desta nova história foi OK. O segundo, com Fedor no ringue, será definitivo para saber se estamos ou não diante do novo Pride. Por enquanto, ainda não…
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