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De quem é a culpa pela polêmica de GSP?

Jorge Corrêa

20/11/2013 06h01


Assim que acabou a disputa de cinturão dos meio-médios do UFC no último sábado, Dana White ficou revoltado com a vitória por pontos, em decisão dividida, de Georges St-Pierre sobre Johny Hendricks, culpando a Comissão Atlética do Estado de Nevada pelo resultado polêmico por conta dos juízes de cadeira.

Mas para quem não acompanha o MMA e o UFC muito de perto essa situação é um pouco vaga. Surgiram questionamentos sobre uma possível hipocrisia por parte do presidente, que estaria criticando o resultado do próprio evento. Por exemplo, como o Ultimate não consegue ingerir sobre essa questão? Quem escolhe esses profissionais? Quem são essas entidades? Vou então explicar como funciona esse processo e as diferenças entre Estados Unidos e Brasil.

Comissões Atléticas

Apesar de o UFC ser uma empresa privada, seus shows precisam ser regulamentados por entidades governamentais, que comandam e supervisionam as questões esportivas e financeiras dos eventos, além do que concerne à saúde dos seus atletas. Nos EUA, cada estado tem a sua comissão atlética e o Ultimate precisa pedir autorização a cada uma delas antes de seus eventos. São autarquias, mas ligadas aos governos estaduais.

Quem venceu a luta principal do UFC 167?

As entidades têm um comissário geral, que são responsáveis por destacar os árbitros centrais e os juízes de cadeira para cada evento de MMA que tenha sido outorgado por eles. Assim, as comissões atléticas também são responsáveis por capacitar esses profissionais. É esse o ponto da crítica de Dana White com Nevada, por exemplo. Ele vê baixa qualificação dos juízes e até mesmo má-fé por parte da entidade.

Apesar de não poder influenciar na escolha desses profissionais, o UFC tem de pagar pelos serviços das comissões atléticas, que repassa uma porcentagem desse valor aos juízes.

No Brasil, o UFC é regulamentado pela recém-criada Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), que tem as mesmas funções de seus pares norte-americanos, mas em todo o território nacional. A diferença é que por aqui, essa entidade tem poucos eventos sob sua alçada e conta com outras comissões concorrentes.

Juízes de cadeira

Como dito acima, eles são credenciados e capacitados pelas comissões atléticas. Nos Estados Unidos, eles vêm, em sua maioria, do boxe, outro ponto de muita crítica por parte do UFC e dos lutadores. Apesar de as regras e questões técnicas sobre como pontuar as lutas serem bem descritas, a avaliação é muito subjetiva e aberta, principalmente por conta do atual sistema de pontuação, também herdado do pugilismo.

No Brasil, a CABMMA ainda não tem uma grande equipe de juízes de cadeira. Eles ainda estão sendo capacitados e ficaram este ano como "carrapatos" nos eventos do UFC. Em treinamento, observaram o trabalho dos juízes estrangeiros que foram convidados para a função. Em 2014, os card do Ultimate já devem ter brasileiros nas laterais dos octógonos.

Árbitros centrais

Assim como juízes de cadeira, também são orientados pelas comissões, mas diferentemente deles, tem um rosto, aparecem para público e lutadores. Mais que isso, têm quase status de estrelas no caso dos mais experientes, como Dan Miragliota, Herb Dean ou Big John McCarty. Também são alvos de críticas por decisões supostamente equivocadas, como demora para encerrar lutas por nocaute, momento de separar um clinch ou levantar um combate travado no chão, dar nocaute quando um adversário ainda tem chance de reagir.

No Brasil, Mario Yamasaki – um dos mais experientes árbitros do UFC – é quem está comandando a capacitação de juízes centrais e de cadeira.

Sistema de pontuação

É simples e veio do boxe: o vencedor de cada round ganha 10 pontos e o perdedor 9 ou menos, de acordo com quão grande foi a diferença entre os adversários. Usando como exemplo a polêmica luta entre GSP e Hendricks, dois árbitros deram 10-9 para GSP em três rounds e apenas um deu 10-9 para o desafiante em três períodos.

No entanto, esse tipo de pontuação não discrimina as mais diversas vertentes de luta do MMA. Os críticos dizem que esse sistema não ajuda a avaliar a complexidade das artes marciais mistas e tira a transparência para público e atletas.

De acordo com as regras unificadas utilizadas pela CABMMA, "os juízes devem avaliar as técnicas utilizadas pelos atletas, tais como efetividade dos chutes e socos, efetividade na luta agarrada, controle de ringue, agressividade efetiva e efetividade da defesa".

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