Entenda por que a polêmica reposição hormonal, como a de Belfort, não é doping no UFC
Depois de boatos e desmentidos, o UFC confirmou que Vitor Belfort utilizou, durante sua preparação para a luta contra Michael Bisping em São Paulo, a terapia de reposição de testosterona (conhecida como TRT). Há muita polêmica em torno do tratamento porque, em outros esportes, esse tipo de medicação hormonal é considerado doping.
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No entanto, já há muitos anos, o UFC libera para que seus atletas façam uso do TRT, desde que eles tenham prescrição médica e peçam previamente autorização para as comissões atléticas. Além disso, esse tipo de tratamento serve para quem tem baixos níveis de testosterona e os lutadores que fazem uso da terapia precisam apresentar níveis normais no antidoping.
Para tentar explicar essa polêmica – já que muitos atletas, mesmo sabendo que o TRT é permitido, reclamam de quem utiliza – o blog conversou com Márcio Tannure, médico-chefe do UFC no Brasil, para ele falar como funciona esse tratamento para lutadores e por que essa reposição hormonal não é considerada doping no maiors evento de MMA do mundo.
Esse tratamento é apenas para atletas ou para qualquer pessoa? Por que alguém faz uso dele? Isso não é uma questão de ser atleta ou não, é para pacientes no geral. Por conta de alguns motivos, como idade e hipogonadismo, que é o caso do Vitor, algumas pessoas têm um nível de testosterona abaixo do normal. A terapia de reposição de testosterona é o tratamento clínico para esse tipo de doença. O TRT é para que a pessoa tenha índices normais do hormônio.
Quais são os sintomas desse problema de saúde? A queda do nível de testosterona causa no paciente baixa resistência, depressão, disturbios de humor, problemas com o sono, queda da libido e fadiga. Isso é um problema para qualquer homem, atleta ou não. Claro que todos esses sintomas afetam o treinamento e o desempenho de um lutador de altíssimo nível, como são os de MMA.
Por que o UFC libera o uso de TRT, enquanto em outros esportes ele é considerado doping? O UFC permite seu uso para manter o princípio básico da desportividade, que é dar condições iguais aos competidores. Um atleta com baixo nível de testosterona não terá o mesmo desempenho de quem tem níveis normais do hormônio. Quem usa doping, quem faz uso de qualquer substância para de dopar, obtém uma condição superior em relação ao seu adversário. Aqui, queremos dar uma condição igual. Também fazemos testes para quem usa TRT e o lutador precisa estar dentro do nível correto, senão será punido.
Você acha que o TRT poderia ser utilizado em outros esportes? Na minha opinião, o UFC está à frente dos outros esportes ao liberar o TRT. Em qualquer outra modalidade, eles generalizam o uso de hormônio como doping, mesmo que o atleta venha a ter uma prescrição médica para o uso clínico dele. Também há a questão do tempo, a agência internacional antidoping (WADA) diz que não teria tempo de desenvolver a documentação necessária, pela quantidade de testes que ela precisa fazer.
Quais são as vantagens de se liberar o uso de TRT para atletas? Para mim, é necessário abrir essa exceção, para aumentar a vida útil dos atletas de alto rendimento. Muitos se aposentam porque têm diagnosticado o baixo nível de testosterona e não podem se tratar. O TRT proporcional mais saúde para os atletas e, com isso, uma carreira mais longa.
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