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Estratégia de marketing mundial e desgaste por clubismo tiram Anderson do Corinthians

Jorge Corrêa

27/06/2013 06h01

Anderson nunca escondeu seu orgulho de defender o Corinthians

Depois de uma invicta parceria que durou quase dois anos, o Corinthians anunciou que não renovou seu inovador contrato com Anderson Silva para a luta contra Chris Weidman, no dia 6 de julho, em Las Vegas. Mas essa decisão não é recente e não foi tomada de sopetão, pelo menos não por parte do estafe do atleta.

A ideia de o campeão dos médios deixar de defender a camisa do clube do Parque São Jorge já era pensada desde o final do ano passado e passava por dois grandes motivos: a nova estratégia de marketing do lutador de olho no mercado mundial, e não mais só no brasileiro, e o desgaste que ele passou em alguns momentos por conta do clubismo dos fãs.

Os mais observadores já tinham percebido esse rompimento nas últimas semanas. Sempre que fazia uma aparição pública relacionada a lutas, fazia questão de usar roupas com o símbolo do clube, fosse em uma coletiva, fosse em um sparring. Mas quando foi córner de Rodrigo Minotauro no UFC de Fortaleza, em 8 de junho, e quatro dias depois, em sua última coletiva antes do UFC 162, ele já não usava mais o símbolo corintiano.

Vamos destrinchar os motivos e os bastidores para isso:

Marketing: Anderson anunciou neste mês a criação da Spider Company, uma agência de marketing esportivo que vai cuidar de sua imagem exclusivamente no exterior – no Brasil, quem cuida dessa área é a 9ine, do ex-atacante Ronaldo. Manter a marca do Corinthians criaria um ruído para futuros contratos em outros mercados.

Foi avaliado por sua equipe que não seria bom para um atleta de alto nível carregar muitas marcas, ter sua camiseta parecendo um abadá. É melhor ter uma carteira de patrocinadores mais enxuta, com poucas marcas, mas fortes e globais, como é o caso da Nike e da Phillips, que ele já tem há quase dois anos.

Clubismo: Assim que foi anunciado como atleta do Corinthians, Anderson não escondeu a felicidade de defender seu clube de coração e onde até tentou ser jogador. Mas logo em sua primeira luta pelo clube, contra Yushin Okami no UFC Rio 1, ele percebeu que não seria tudo tão lindo. Mesmo com a vitória, ele ouviu algumas vaias e xingamentos relacionados ao time.

Apesar do discurso de "antes de corintiano, sou brasileiro" ou falar que os torcedores de MMA sabem separar as coisas, o clubismo de [boa] parte dos fãs sempre o incomodou. Ele não assumia publicamente, mas sempre teve um nariz torto para essa situação. Foi uma aposta que ele fez, mas que não venceu completamente. Para um campeão como ele, isso era pouco.

O ônus e as dores de cabeça de misturar futebol e MMA e defender um clube que que movimenta tanta paixão – a favor e contra – já não compensava mais. O modesto salário que recebia do clube, se comparado com seus patrocínios e que usava para pagar parte de sua equipe, não valia mais a pena por conta de seus compromissos maiores.

Academia: Um dos principais pontos do contrato de Anderson Silva com o Corinthians foi a construção de uma academia de artes marciais no Parque São Jorge levando seu nome. Ela virou referência em São Paulo e um time de MMA foi montado, contando até com o ex-campeão dos pesados do UFC Junior Cigano.

O clube não tem a menor ideia nesse momento do que vai fazer com o nome do local. A estrutura será mantida, assim como o time e os treinadores, mas ainda não se sabe se poderá manter a marca Anderson Silva. É possível que fique simplesmente como Corinthians MMA ou que o clube mantenha o nome do campeão dos médios como forma de homenagem.

Futuro: Assim como a parceira de Anderson com o Corinthians foi inovadora e abriu as portas para outras similares entre lutadores e clube de futebol na época, o fim dela também pode representar o término dessa fórmula. A maioria delas já tinha sido encerrada antes e, ao que tudo indica, essa amálgama entre os dois esportes que mais chamam a atenção do Brasil no momento não funcionou da maneira esperada.

Aprofundarei-me nesse assunto em breve.

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