O perigo real de Jacaré e o não tão real de Glover em BH

Mesmo a milhares de quilômetros de Belo Horizonte – estou em Albuquerque (EUA) para produzir uma série de reportagens que irá ao ar no UOL Esporte nas próximas semanas – achei que precisava dar alguns pitacos sobre o UFC desta quarta-feira, principalmente pela presença de dois nomes ascendentes do MMA brasileiro nas duas lutas finais.

Vou começar por quem tem a vida mais complicada. Vindo de vitória em sua estreia no Ultimate, quando não tomou conhecimento de Chris Camozzi em Jaraguá do Sul, Ronaldo Jacaré enfrenta já em sua segunda luta um rival muito bem ranqueado, o japonês Yushin Okami, terceiro nos médios.

A fase do japonês é surpreendentemente boa, principalmente depois da derrota vexatória para Anderson Silva no UFC Rio e da virada que levou, em seguida, de Tim Boestch. São três vitórias consecutivas desde então e com atuações convincentes contra Budy Roberts, Alan Belcher e Hector Lombard.

Claro que o jogo de chão de Jacaré é melhor, ele não é campeão mundial de jiu-jítsu ou tem 14 vitórias por finalização à toa, mas se ele cair por baixo, é muito complicado raspar o japonês. Okami está com suas quedas e o trabalho de ground and pound – mesmo que com pouca força – muito eficientes. Consegue controlar bem suas lutas quando está por cima.

Yushin também se mantém bem seus combates em pé, principalmente usando sua altura e envergadura com os jabs. Ronaldo melhorou muito na trocação nos últimos anos, mas o melhor caminho para ele nessa luta segue sendo colocar o japonês para baixo e tentar a finalização. É jogar no fácil.

Já Glover Teixeira, curtindo seu melhor momento no MMA e perto de uma disputa de cinturão dos meio-pesados, tem um caminho menos duro, mas não fácil. O mineiro é bem mais completo que o norte-americano Ryan Bader, que concentra suas principais armas no jogo de quedas.

O brasileiro tem condições de vencer o norte-americano tanto em pé, com suas mãos pesadas e sequências certeiras, quanto no chão, jogo que é quase nulo para Bader. Se vier a vitória, pouco vai importar a maneira para Glover, já que seu caminho para concorrer ao título está pavimentado. Concentrado, não deve encontrar dificuldades, apesar de ser seu rival mais bem ranqueado desde que chegou ao UFC.