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Na Grade do MMA

Anderson não precisa voltar, mas...

Jorge Corrêa

06/01/2014 06h46


Que seja uma moda passageira, como muitas que tivemos nas últimas décadas, mas não há como negar que o MMA hoje chama mais atenção no Brasil e dá mais audiência que esporte tradicionais. E esse atual sucesso da modalidade no país passa pelas mãos, e pés, de Anderson Silva.

Uma semana depois do acidente contra Chris Weidman e alguns dias de folga após a viagem mais atribulada que tive para cobrir um UFC, me peguei pensando em como seria (ou será) o mundo do MMA sem o Spider. E a conclusão não foi nada boa.

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Quando decidi começar a trabalhar com MMA, no início do longínquo ano de 2009, pouco sabia do brasileiro que já era considerado por especialistas e fãs mais antigo do esporte como um dos maiores de todos os tempos. Sua primeira luta que vi, contra Thales Leites em abril, não empolgou tanto, apesar da facilidade que teve. Meus olhos se abriram de verdade para Anderson com o show que deu contra Forrest Griffin quatro meses depois.

Dali para frente, além de acompanhar de perto seus passos, devorei tudo que já tinha feito nos ringues pelo mundo – e me choquei, por exemplo, com sua derrota para Ryo Chonan com tesoura voadora seguida de chave de perna. Até quando perdia tinha uma boa história a ser contada, o que aconteceu inclusive nas duas lutas contra Weidman.

Assim que vi a fratura – acho que nunca vou esquecer o barulho de osso batendo com osso e o primeiro grito de Anderson, antes de os seguintes serem abafados pelo burburinho aflito do público – quis cravar sua aposentadoria. Não conseguia vislumbrar um retorno com quase 40 anos e após uma lesão tão grave.

Anderson Silva simplesmente não precisa mais voltar a lutar, por tudo que ele já fez dentro do octógono e fora dele, ajudando a propagar o esporte. Ele está no hall dos maiores de todos os tempos e suas atuações jamais serão esquecidas – ainda mais em uma época em que é tão fácil colocar um vídeo na internet e divulgá-lo. A cada evolução de sua recuperação surgirão cenas de seus golpes, de suas esquivas, de suas brincadeiras.

Mas ao repensar que ele não precisa retornar e mesmo achando que não terá condições de volta na plenitude de sua condição física, percebi que tudo será um pouco mais chato sem ele. Você pode adorar ou odiar o que ele faz como lutador, mas sempre trazia alguma emoção para suas lutas, algo novo, diferente, um golpe que ninguém conseguia imaginar de onde veio. Ou até mesmo uma provocação que soava como desdém ao adversário.

Já acredito que ele voltará. Em 2015, mas voltará. Só torço para que seja com a chance de uma boa atuação, quem sabe a possibilidade de dar um último grande show. Não quero que ele volte para não ser o Anderson Silva de sempre. Ele não precisa de um fim de carreira como de Michael Jordan, Michael Schumacher ou Ian Thorpe, que desistiram de uma aposentadoria digna para um retorno vexatório aos palcos onde eles tinham sido os melhores de todos.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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