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Diaz detona comissão após suspensão por maconha: bando de idiotas

Maurício Dehò

15/09/2015 07h09

O ex-campeão do Strikeforce Nick Diaz manteve o silêncio e seus advogados falaram por ele durante a audiência desta segunda-feira. Mas, após ser suspenso por cinco anos e multado por ser pego pela terceira vez com maconha em um teste antidoping, o lutador de 32 anos "explodiu" e falou tudo o que estava pensando. Como era de se esperar, ele detonou a Comissão Atlética de Nevada e disse que a entidade faz tudo o que pode para brecá-lo de ser o número 1 do mundo.

Diaz foi flagrado em exame relativo ao combate com Anderson Silva, no começo do ano. O brasileiro pegou um ano de suspensão por uso de esteroides – a disparidade no tempo de gancho gerou uma enxurrada de críticas às decisões. Seus advogados vão recorrer da decisão, mas não se sabe em quanto tempo o processo será resolvido.

"Eu estou muito p…", afirmou ele, ao MMAJunkie – com seu jeito um pouco desconexo e confuso. "Primeiro: este esporte, essa comissão e todo mundo tem feito de tudo para me manter longe do topo, que é onde eu deveria estar. Eles fazem tudo para me impedir de ser visto como o melhor do mundo, que é o que sou. Essas pessoas são um bando de doentes. A razão para eu ser um lutador, entre muitas outras, era não precisar burlar as leis. Meus vizinhos também não quebram. A gente faz coisas boas."

"Eles me botaram nessa audiência, rodeado de advogados, achando que eu ia estourar, ficar maluco, mas não foi assim. Só penso que foi tudo uma merda. Eu queria falar para eles o que penso, queria falar para cada um deles como eles são um bando de idiotas. Mas meus especialistas me aconselharam a ficar de boca calada. Então, eu fiquei. Eu queria dizer: vocês passaram dos limites, vocês estão me brecando desde o dia 1. Há todo um sistema tentando me segurar", acusou.

Além da suspensão em si, que o impede de lutar até 2020, quando terá 37 anos, Diaz ficou particularmente triste com o fato de ser impedido até de ser corner de outros lutadores. Seu irmão mais novo, Nate Diaz, luta em dezembro.

"Eu não posso ir nem ao corner do meu irmão? Isso não é esporte. Isso é uma guerra. Ele vai lá lutar pela sua vida e não posso estar ao seu lado? Eles não estão só tirando meu dinheiro, estão tirando o direito de eu lutar pelo que acredito e pelo meu irmãozinho. Eu nem posso ajudar meu irmãozinho…", lamentou.

Diaz ainda afirmou veementemente que não considera justa sua punição, até por nunca ter usado esteroides. "Nunca usei anabolizantes na minha vida toda, isso posso garantir agora. Sei que todos os lutadores estão nos esteroides. Todos os filhos da p… usam esteroides. Eu sou um dos únicos que não. Eu nunca usei e não quebrei as regras", afirmou.

Enquanto os advogados cuidam da apelação, Diaz aguarda, ansioso por lutar novamente. "Eu estou querendo lutar até o próximo ano, se tanto. Só lutas de grande proporção", afirmou ele, para logo depois admitir que seu futuro não deve ser tão animador. "Eu não farei nada, eu acho. Eles não me deixarão lutar. Eu vou ensinar jiu-jítsu, ensinar os outros a socar. Um ano, dois, cinco… Tudo o que quero é lutar logo. Não quero não lutar."

Mais um desabafo

Ao MMA Fighting, ele fez um grande desabafo, relembrando desde a infância os problemas que o levaram à vida que tem hoje – segundo ele, inteiramente dedicada a lutar. Citou, entre outros casos, o suicídio de uma garota por quem era apaixonado na adolescência.

"Eu investi toda a minha vida em lutar. Todos os outros lutadores tem uma vida paralela, tem mulher, filhos. Nunca tive outra carreira, não me graduei na oitava série. Podia ter (me graduado), mas estava envolvido em muitas brigas. Meus pais só me ensinaram o ABC. Eu era mudado de escola para escola, me davam medicamentos e meus colegas caçoavam de mim. Aquilo era zoado. Queria bater em todos da classe", revelou ele.

"Eu era tão atrasado (na escola), que vi que nunca ia rolar, e nessa época já estava treinando para ser um lutador", acrescentou.

Diaz conta que logo antes de sua primeira luta, em 2000, ele viveu um drama com o suicídio de uma garota de quem gostava. "Havia uma batida na rodovia. Eu pulei a grade e vi só um car e ambulâncias. Ela tinha entrado na rodovia andando e se matou. A garota que eu amava mais que tudo tentou se matar pela terceira vez. E conseguiu". Diaz, encorajado por ela, treinava lutas para não passar vergonha na escola e estar pronto para brigar com o ex desta menina. Depois disso, ele diz que já não era mais um garoto.

"Então, esse esporte e essa comissão fizeram tudo para me impedir de chegar à posição a que pertenço. Eles me suspenderam pela terceira vez. Por cinco porras de anos, por fazer algo que deixa o mundo melhor", disse ele, antigo defensor da maconha.

Repercussão

Diaz foi defendido por muitos lutadores do UFC após a decisão, a maioria considerando sua punição exagerada e muitos comparando seu caso com o de Anderson.

“Nunca vi tanto tempo desperdiçado na minha vida. #LiberemNickDiaz “#Legalize”, postou Al Iaquinta, lutador do UFC.

“Eu não sou um grande fã do Diaz, mas vamos lá… bani-lo pro resto da vida é completamente estúpido. Eu não estou de acordo com as drogas, mas é maconha… pegue leve”, comentou Patrick Cote, que na sequência ainda mandou:

“Então Lombard é suspenso por um ano por esteroides e Diaz é banido por 5 anos por maconha… mas que p*”, completou.

Diego Sanchez também foi outro a defender Nick Diaz, inclusive citando o caso de doping de Anderson Silva. “Nick Diaz, (isso é) muito errado, você luta com um cara que está usando esteroides e eles descontam em você.”

"Nick Diaz foi suspenso por cinco anos por maconha, enquanto aqueles culpados por violência doméstica e uso de substâncias de melhoria de performance mal pegaram uma fração disto. Mas que p*, NSAC?", criticou Mike Dolce, nutricionista de diversos lutadores do UFC como Vitor Belfort e John Lineker, ao citar também casos envolvendo agressões contra mulheres.

*Atualizada às 7h56

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