UFC é o grande culpado por vexame histórico com briga de Khabib e McGregor
Faz alguns anos que deixei a cobertura e a atenção diária ao MMA e ao UFC. Ossos do ofício, a carreira e a vida de pai me levaram a outros caminhos. Mas nunca deixei de gostar das lutas e algumas delas ainda me fazem perder preciosas horas de sono. A do último sábado, entre Khabib Nurmagomedov e Conor McGregor era uma delas. Estava ansioso para ver como o queridinho do Ultimate se sairia contra aquele que julgo o mais duro lutador que já passou pelo evento.
E aconteceu o que eu imaginava: um passeio do russo, que deu uma surra que o irlandês nunca mais vai esquecer. Khabib bateu em pé, no chão, derrubou, deu knockdown e finalizou. Passou como quis. Mas o que aconteceu instantes depois foi o maior vexame da história do UFC, que está completando 25 anos em novembro. Uma briga generalizada que tomou as cadeiras próximas e voltou para dentro do octógono, como todos os lados envolvidos.
É uma situação em que não há desculpa e nem explicação. Todos estão errados. Nurmagomedov errou em deixar o octógono para ir bater em um companheiro de time de Conor, que por sua vez errou ao ultrapassar todos os limites da provocação, o que tirou o russo do prumo. Mas o principal culpado por tudo que aconteceu é o próprio UFC.
Dana White e seus pares nunca deram qualquer tipo de limite para o trash talk praticado por seus atletas. Mais que isso, sempre alimentou as rixas entre atletas. Mas com McGregor, a passada de pano extrapolou todos os limites. O ex-campeão dos penas e dos leves chegou invadir um estacionamento para arremessar uma grade contra o ônibus que estava o time de Khabib. Depois, começou a provocá-lo usando a religião muçulmana de Nurmagomedov.
Era claro que em algum momento essa falta de limites renderia um problema maior. Se não fosse entre eles, seria com outros. Nem todas as pessoas são obrigadas a responder provocações que vão para o lado pessoal com parcimônia. Russo da república do Daguestão, Khabib é um atleta sério, disciplinado, com princípios, religioso e –principalmente—russo, que até entrou no jogo do trash talk, mas sempre ficando no lado esportivo.
As provocações sempre existiram. Chael Sonnen foi um mestre nisso. Quem não se lembra do que ele falava de Anderson Silva? O problema é que, pelo fato de Conor ser a única galinha dos ovos de ouro do UFC com a ausência nomes como GSP, Jon Jones ou Ronda Rousey, ele basicamente sempre fez o que quis e nunca sofreu nenhuma reprimenda real. Todas as críticas e pitis de Dana White contra o irlandês parecem, mais que do que nunca, jogos de cena.
O UFC já vinha flertando com esse tipo de mise-em-scène típico do WWE, mas depois que a companhia foi comprada pela gigante IMG, o processo de telecatchzação se acelerou. Provocar parece que ficou mais importante do que vencer bem. Mas quando não é TUDO encenado, como na outra liga, estava claro que uma hora ia degringolar. Nem todo mundo sabe, ou é obrigado, a atuar o tempo todo no mundo do MMA. A não ser que esteja em contrato. Mas não está…
Com o esporte consolidado, dificilmente o que aconteceu no último fim de semana vai fazer o UFC perder fãs, mas não dá para negar que vai ficar uma mancha por muito tempo. Muito terá de ser explicado, desculpado, investigado, respondido e aprendido. Que essa vergonha não seja utilizada para fazer vídeos promocionais de uma possível revanche entre Conor e Khabib.
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